quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O Caçador de Borboletas

             Caçador de borboletas era um cara muito estranho, ninguém sabia seu nome ao certo, havia boatos e vários nomes, mas na verdade ninguém jamais ousou em  perguntar, por isso era conhecido assim - O caçador de borboletas.
             Ele vivia em uma cidade pacata, não conversava com ninguém, mal cumprimentava, apenas fazia um gesto com a cabeça. No mercadinho, que ficava alguns metros de sua casa, ele costumava comprar açúcar fino e um caderno pequeno. Ninguém entendia porque o caçador de borboletas compra quase todos os dias as mesmas coisas.
             Como a cidade era pequena, os comentários corriam rápido, mas na verdade, ao certo ninguém sabia, mas todos mordiam-se de curiosidade. O caçador vivia sozinho, nunca recebia amigos, apenas uma pessoa, que não morava na cidade, parecia jovem, com cabelos longos, e sempre lhe entregava algumas sacolas, dava-lhe um beijo em sua testa e levava meses para retornar.
             O apelido "Caçador de borboletas" não era apenas um apelido qualquer, era conhecido assim porque vivia em busca de borboletas, não se sabia ao certo por qual motivo ele ficava em busca de borboletas, afinal, seria algo tão fora do comum.
            No dia dezoito de janeiro de dois mil e dez eis que o caçador não foi mais visto, nem no pátio de sua casa encantadora, nem no mercadinho que costumava ir religiosamente, foi então que alguns dias depois, aquela moça dos cabelos longos chegou, levando embora o corpo do caçador.
            Foi a partir daí que se descobriu o que ele fazia com suas borboletas... Ele não apenas caçava elas, como exigia diversidade em suas cores, quanto mais colorida melhor, depois de caçar, ele pegava seu caderninho, aquele que comprava no mercadinho, e anova detalhes minuciosos.
            Nos cadernos encontrados, descrições da vida das borboletas, como: Para onde vão as borboletas quando chovem (As Borboletas vão se esconder debaixo das folhas e de materiais vegetais), e também Como as borboletas se comunicam (se comunicam principalmente por meio de sinais químicos). 
          Tudo parecia fantástico até então, quando, em seu cômodo mais luxuoso e especial da casa, encontraram um 'cemitério' de borboletas, fantástico porque as borboletas após a morte, eram cobertas com açucar.
          A casa ainda existe, mas nunca mais foi aberta, e também até hoje ninguém sabe por qual razão o Caçador de borboletas, ou Alvaro, como era seu nome, fazia tudo isso, poderia ser um sonho, uma loucura, um desafio, mas ao menos ele tentou o que queria, talvez tenha dado certo, talvez não... e também a causa de sua morte também nunca foi revelada, apenas boatos e boatos.
         Em um de seus últimos cadernos, continha uma frase, - Manter ativo os sonhos é brincar com a sua loucura, fazer de conta que vive sem viver é a mesma coisa que esperar pela morte.